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Bairro dos Pimentas: maior bairro de Guarulhos tem povo guerreiro

Confira um pouco da história do maior bairro da cidade e o ponto de vista de sua população
População aponta aquilo que a comunidade espera dos governantes a partir de 2025 / Foto: Laerton Santos

Muita gente se pergunta: o nome correto do bairro é das Pimentas ou dos Pimentas? E você, já parou para pensar no assunto? Se observarmos o que está escrito nas placas da Prefeitura de Guarulhos, a polêmica estaria encerrada. Nelas se encontram a inscrição: “Bairro dos Pimentas”, sendo assim, o nome oficial, que foi reconhecido há 26 anos, por meio do Decreto Municipal nº 14.998 de 1988. 

Mas, nem sempre foi assim, pois os nomes Pimenta e Pimentas constam na história local há 134 anos. Há pouco mais de um século, antes do ano 1890, o atual bairro dos Pimentas era chamado São Miguel. De acordo com as informações, esse antigo nome deriva do bairro vizinho, São Miguel Paulista.

A região tomou uma proporção tão grande que se tornou a mais populosa de Guarulhos. Ela representa 1 ⁄ 3 da população total do município, com cerca de 400 mil pessoas. A área, segundo a prefeitura, é classificada como bairro, distrito e região administrativa, que abrange 37 loteamentos em seu interior, sendo os mais destacados: Jardim Pimentas, Parque Jurema, Jardim Nova Cidade, Conjunto Marcos Freire e Vila Paraíso.

Segundo a prefeitura, hoje a região é muito mais diversificada. Anteriormente, o perfil era industrial e tinha todo o peso na economia local, mas a expansão dos serviços (com a chegada principalmente de grandes centros logísticos) e comércio nos últimos anos equilibrou a balança econômica.

POPULAÇÃO GUERREIRA – Para o líder comunitário Thiago Maia, 33 anos, o ponto forte do bairro são as pessoas que, mesmo diante de tantos problemas, continuam persistindo.

“Os moradores do Pimentas são todos guerreiros, que vão à luta independente de governo, ou do que for, eles sempre estão buscando a dignidade deles. Mas este governo deveria fazer a parte dele e não faz”, disse Maia, se referindo à gestão do prefeito Gustavo Henric Costa (PSD), o Guti.

Falta de emprego e infraestrutura são outras reivindicações dos moradores, como explica a frentista Laine Nascimento, 49.

“Este é um bairro humilde, tem muita gente boa. Mas acredito que aqui deveria ter mais emprego, pois há um número grande de moradores de rua. E falta infraestrutura também, pois quando chove alaga tudo, e o trânsito piora”, disse.

Laine Nascimento, frentista

Ainda segundo Maia, a maior reivindicação da população está na saúde, que atualmente tem deixado a desejar: “A saúde é o que a população mais pede, e é o que está mais escasso”, finalizou. 

Thiago Maia, líder comunitário

Hospital Municipal Pimentas Bonsucesso sofre críticas

Localizado na Rua São José do Paraíso, nº 100, no Jardim Imperial, o Hospital Municipal Pimentas Bonsucesso tem recebido duras críticas a respeito do atendimento e do tempo de espera. 

Os moradores precisam se deslocar para unidades mais afastadas quando precisam de atendimento, como é o caso da dona de casa Jorgina de Souza, 53 anos.

“Aqui é um lugar bom para se morar, mas a saúde ainda deixa muito a desejar, até mais do que a segurança. Eu moro em frente ao Hospital Pimentas, e já precisei me deslocar para São Paulo para poder ter acesso a exame”, explicou.

Jorgina de Souza, 53 anos

Indignada, Cleonice Martins, 32, já chegou a tomar medicação errada por negligência do Hospital: “Tem que melhorar o Hospital Pimentas. Eu já precisei de atendimento e está um caos, uma negação. Demora bastante para ser atendido, e lá já me deram até medicação errada. Esse problema vem de anos, mas nessa gestão eu não vi nenhuma melhora”, enfatizou.

Cleonice Martins, 32

De acordo com os relatos ouvidos pela reportagem do Leia SP na porta do hospital, pacientes já chegaram a esperar 3 horas para serem atendidos na triagem.

“Minha filha de 18 anos está com suspeita de dengue, já faz 1 hora que estou aqui e ainda não chamaram nem pra fazer a ficha. Sempre foi assim, moro há 16 anos aqui e nunca mudou. Eu já vi gente que demorou 3 horas para ser chamada para a triagem”, explicou a auxiliar de logística Viviane Ferreira, 35.

Viviane Ferreira, 35

RESPOSTA DA PREFEITURA

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que está tomando as devidas providências:

“Nesta terça-feira (9), a Secretaria Municipal de Saúde se reuniu com a diretoria da OS Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo para reiterar e exigir providências imediatas para resolver os problemas enfrentados no Hospital Municipal Pimentas Bonsucesso nas últimas semanas, em decorrência do aumento expressivo nos casos de dengue no município.  

Haverá a ampliação imediata do número de leitos para urgência e emergência, dobrando a capacidade atual de atendimento, com a contratação de mais profissionais da área médica, além de criar um espaço exclusivo para o atendimento de pacientes com sintomas de dengue numa outra ala do hospital.

A Secretaria de Saúde, por sua vez, iniciará dentro do programa Atende Já Dengue, que inclui a abertura de UBS nos finais de semana, a instalação de estruturas de atendimento em pontos estratégicos de Guarulhos, sendo uma delas na região dos Pimentas, onde há grande concentração de casos de dengue em Guarulhos.

Estas estruturas, que serão instaladas junto a Unidades de Pronto Atendimento de Guarulhos, contarão com infraestrutura completa para acolher os pacientes com sintomas de dengue, com todo o acompanhamento por profissionais médicos, com realização de exames, sorologia e atendimento.”

Associação e Clube da Comunidade dos Pimentas contribui com as famílias vulneráveis do bairro

O bairro dos Pimentas, apesar de humilde, carrega a palavra solidariedade em seu significado. O local possui diversas entidades, com a finalidade de ajudar a população que mais necessita. Como é o caso da Associação e Clube da Comunidade dos Pimentas, fundada em 1995, na Rua Campina Grande do Sul, 117, Jardim Centenário.

A associação é comandada pelo presidente José Carlos Santos, 57 anos, que mobiliza toda a região para ajudar as pessoas. Inclusive, a vulnerabilidade foi uma das maiores questões que o fez fundar a entidade, com outros sócios.

“Nós percebemos a vulnerabilidade das famílias e começamos a atendê-las, fazendo campanha de alimento, pegando um quilo daqui, um quilo dali, para atender a todos. Nós começamos atendendo 50 famílias, e hoje eu atendo 600”, disse José.

José Carlos Santos, 57

Além das cestas básicas, a associação ajuda a comunidade com vale transporte, acompanhamento para a emissão de documentos e serviços mais complexos. Para montar as cestas, o grupo realiza mensalmente diversas campanhas como feijoadas, rifas e festas sazonais para arrecadar dinheiro e também alimentos.

O local funciona de segunda a quinta, das 8 horas às 17 horas, e oferece aulas de jiu-jitsu, boxe, muay thai, ginástica rítmica, futebol e curso de porteiro. Aos sábados, a entidade oferece curso de informática, das 8 horas às 13 horas. Os projetos são disponibilizados para atender adolescentes e jovens da comunidade. “O nosso intuito sempre foi trabalhar para tirar essas crianças da rua, e é o que queremos com essas atividades”, finalizou o presidente.

Transporte também deixa a desejar

Além da saúde, o transporte na região dos Pimentas também tem atrapalhado a vida dos trabalhadores. Isso porque, com a demora constante dos ônibus, muitos se atrasam para chegar ao trabalho.

“Hoje de manhã a fila estava muito grande, e muita gente não conseguiu entrar. Ele sempre atrasa e nos deixa na mão. Várias vezes já cheguei atrasada no trabalho por isso”, explicou a estudante Daniele Jesus, 16 anos, que utiliza a linha 882 Alamo.

Daniele Jesus, 16

Para os comerciantes, essa questão não é bem vista, já que tem afetado diretamente os empreendimentos locais. O advogado Joaquim Vitor de Souza, 37, que atua na área de previdência e ações trabalhistas, chegou ao bairro há dois anos por identificar a alta demanda do local, mas percebeu que o transporte tem sido um problema. “Nós vimos no bairro grandes oportunidades. Mas acreditamos que o transporte possa melhorar, pois para os clientes chegarem até aqui tem sido um pouco difícil”, disse ele.

Joaquim Vitor de Souza, 37

Time de futebol  ‘Nois que Toca’ é destaque na região dos Pimentas 

Time foi fundado no dia 07 de outubro de 2014, no intuito de reunir os amigos
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