Nos últimos anos, aqueles que conseguiram reunir condições o suficiente para uma viagem bacana, mas não para esbanjar, encontraram um bom destino: a sempre charmosa, apesar da crise e mosquitos, Buenos Aires.
Causando enorme frustração patriótica, a ponta da caneta na hora do planejamento mostra que o custo-benefício para visitar a capital da Argentina tem sido maior que destinos nacionais, como o Rio de Janeiro ou Salvador, por exemplo.
Como este que vos fala, muitos brasileiros fizeram essa opção para as festas de fim de ano, gerando a curiosa experiência de arriscar um portunhol macarrônico e ouvir como resposta: “É brasileiro? Eu também sou”. Há locais em São Paulo onde se ouve menos português que no Caminito ou na Puente De La Mujer.
Custa dizer, mas é inegável a vocação dos hermanos para viver a cidade. Além dos pontos turísticos e das boas comidas e vinhos, dá gosto de ver adultos, crianças, velhos e cachorros aproveitando as praças e parques, abundantes na cidade.
O destino é ilusório àqueles que buscam poder de compra. A mesma crise que barateou a viagem, alcançou os produtos, ou seja, talvez você não esteja preparado para o preço da camiseta da Seleção campeã do Mundo em 2022. Eu não estava.
Noves fora, a volta à realidade deixa aquele gosto de “quero mais”, característico de qualquer viagem que valha a pena.
O “furacão Milei” chegou e, com toda a certeza, as condições não são mais a mesma, mas o charme latino – com o requinte de Diego Maradona no ar – segue intacto.