Neste mês, não mais importante que os demais, mas com um olhar mais atento e direcionado, trago para reflexão o tema do Transtorno do Espectro Autista, o TEA. Muita gente já ouviu falar em “autismo”, mas nem todos realmente compreendem o que ele significa.
Ainda escutamos frases como: “Nossa! Mas você não tem cara de autista!” ou “Ah, acho que todo mundo é um pouco autista…”.
Comentários como esses, além de equivocados, pouco contribuem para uma sociedade mais inclusiva. Para quem vive essa realidade, essas palavras podem até ferir especialmente quando se luta todos os dias por direitos básicos, dignidade, e muitas vezes pela própria sobrevivência.
Mas afinal, o que é o autismo?
O autismo ou TEA, é uma condição do neurodesenvolvimento que influencia a maneira como a pessoa se comunica, interage e percebe o mundo.
A neurociência tem nos mostrado que o cérebro autista funciona de forma diferente, não errada. Cada pessoa tem seu próprio ritmo e uma forma singular de interpretar sons, imagens e emoções.
A neuropsicopedagogia, que une conhecimentos da neurociência, psicologia e pedagogia, nos ensina que essas pessoas aprendem de maneira única. Com estímulos adequados, ambientes estruturados, apoio emocional e, principalmente, respeito, elas podem desenvolver habilidades incríveis.
O autismo é um espectro ou seja, há muitas formas diferentes de se manifestar. Não existe um “modelo” de pessoa autista. Assim como os neurotípicos, cada pessoa traz suas potencialidades e seus desafios. Por este motivo, mais do que rótulos, é preciso oferecer acolhimento e oportunidades reais de inclusão.
Quando abrimos espaço para a escuta verdadeira e a compreensão, contribuímos para uma sociedade melhor, mais humana e empática. A ciência deve caminhar lado a lado com o afeto, a empatia e a valorização da diversidade.
Outro ponto importante é que muita gente ainda confunde os chamados “níveis do autismo”. Penso que é importante esclarecer: os níveis 1, 2 e 3 NÃO representam graus do autismo, mas
sim o quanto de suporte cada pessoa precisa em seu dia a dia.
O nível 1 indica menor necessidade de apoio, mas isso não diminui as dificuldades enfrentadas.
No nível 2, a pessoa precisa de suporte mais frequente, especialmente em situações sociais ou em mudanças de rotina.
Já o nível 3 envolve suporte intenso, inclusive para atividades básicas da vida diária.
Esses níveis ajudam profissionais a direcionarem os cuidados, mas nunca devem ser vistos como medida de capacidade ou valor.
Cada pessoa deve ser enxergada para além do diagnóstico, com seus sentimentos, seus talentos, seus desejos e identidade única.
Para concluir, deixo uma frase que resume de forma simples e profunda a importância de respeitar a individualidade de cada pessoa com autismo:
“Se você conheceu uma pessoa com autismo, você conheceu uma pessoa com autismo.1”
Dr Stephen Shore
Essa frase, embora pareça óbvia, nos lembra que não existe um único jeito de ser autista.
Cada pessoa é única e merece ser vista, ouvida e respeitada exatamente como é.