A inflação está alta? A culpa é do consumidor

Artigo de opinião do economista Josué Coimbra sobre inflação
Josué Coimbra
3 Minutos de Leitura

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Nos últimos dias, ouvimos uma “lição” curiosa sobre inflação: se o produto está caro, basta não comprar. Esse raciocínio simplista transfere toda a culpa para o consumidor, ignorando os fatores reais da inflação.

Ao leigo, essa orientação parece uma solução simples. É quase como se voltássemos aos tempos do Plano Cruzado, quando o governo de José Sarney convocou a população a ser fiscal do varejo. “Cada brasileiro deverá ser um fiscal dos preços, um fiscal do presidente para a execução fiel desse programa em todos os cantos deste país”, declarou Sarney, em março de 1986. No entanto, essa visão falha em entender a complexidade do processo inflacionário.

Inflação não é algo que o consumidor possa resolver apenas mudando seus hábitos.

A inflação é a elevação generalizada e contínua nos níveis de preços, o que corrói o poder de compra da moeda.

Tipos de inflação:

  • A inflação de demanda ocorre quando a demanda cresce mais rápido que a produção
  • A inflação de custos acontece quando os custos de produção aumentam e são repassados aos preços
  • A inflação inercial é um ciclo inflacionário gerado por reajustes passados que afetam os preços futuros
  • Já a hiperinflação é uma inflação descontrolada e extremamente alta, podendo levar ao colapso da moeda

No Brasil, o processo inflacionário atual parece ser impulsionado principalmente pela inflação de custos. De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio dos combustíveis subiram consideravelmente nos postos de combustíveis em 2024. O litro da gasolina, por exemplo, passou de R$ 5,58 na última semana de 2023 para R$ 6,15 na última semana de 2024, um aumento de 10,21%.

Esse aumento é resultado da reoneração do PIS/COFINS e do ICMS, o que impacta diretamente os preços dos combustíveis. Além disso, o dólar disparou, elevando-se em 27,3% ao longo de 2024, o que também pressiona os preços, pois muitos produtos e insumos são importados.

Embora o aumento do dólar seja um fenômeno externo, ele se agrava devido a questões internas, como a instabilidade fiscal do país, o que cria ainda mais pressão sobre a moeda e, consequentemente, sobre os preços.

Portanto, culpar o consumidor por não consumir ou por tentar escolher produtos mais baratos é uma visão superficial, que ignora as complexas dinâmicas econômicas que realmente estão gerando a inflação.

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