Uma das maiores novidades no mundo da inteligência artificial, que promete revolucionar a humanidade, está prestes a ser implantada em um ser humano. Isso porque, em dezembro de 2022, em entrevista à agência Reuters, o bilionário Elon Musk revelou que iniciaria os testes clínicos em seres humanos nos próximos seis meses, mas a autorização foi negada na época e aprovada pela FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) recentemente.
De acordo com as informações, o pedido havia sido negado em 2022 por preocupações com a segurança do dispositivo, que estariam relacionadas à bateria que poderia apresentar um eventual superaquecimento e não esclarecimento sobre como a remoção seria feita sem danificar o tecido cerebral.
A ideia da implantação do chip no cérebro vem do homem mais rico do mundo, dono de grandes empresas de sucesso como a SpaceX, Tesla, Hyperloop, Startlink, The Boring Company, SolarCity e, agora a Neuralink, co-fundada por Musk em 2021.
O início dos testes será por meio da implantação de chips cerebrais sem fio produzidos pela empresa de neurotecnologia. Segundo ele, a ideia é criar uma interface cérebro-computador que terá como objetivo iniciar a restauração da visão. Uma das promessas também é possibilitar o controle de músculos com o objetivo de devolver a função motora a pessoas com paralisia, e permitir o tratamento de doenças como Parkinson e Alzheimer.
Porém, algumas ideias do magnata em relação ao avanço da IA (Inteligência Artificial) e utilização em conjunto ao cérebro humano tem preocupado alguns analistas, que chegam a falar no “fim da humanidade”. Tudo isso porque Musk tem a intenção de fundir o cérebro humano com a IA e muitas outras ideias que ultrapassam o uso da tecnologia a favor da saúde e do bem-estar.
INÍCIO DOS TESTES – Passados quase cinco meses, a Neuralink já deu início ao cadastro de voluntários para os testes com chip cerebral. No site oficial da empresa é possível encontrar uma aba de inscrição. O voluntário deve ter no mínimo 18 anos, residir nos Estados Unidos e ter qualquer tipo de condição associada ao cérebro, como as citadas acima.
De acordo com as informações, os chips já foram testados em porcos e, em macacos, o que acabou gerando controvérsias entre neurocientistas e pesquisadores.
Durante a entrevista à Reuters, Musk se defendeu quando questionado sobre os riscos do implante: “Queremos ser extremamente cuidadosos e certos de que funcionará bem, antes de colocar um dispositivo em um ser humano. Já enviamos a maioria dos documentos necessários para a FDA (Food and Drug Administration, equivalente à Anvisa). Achamos que, provavelmente, em cerca de seis meses poderemos ter nosso primeiro neurolink em um ser humano”, declarou Musk em dezembro.
RELIGIÃO – O avanço da tecnologia pode assustar muitas pessoas, isso porque toda novidade que impacta diretamente o corpo ou o dia a dia do ser humano não traz uma boa primeira impressão. Como foi o caso do código de barras, criado em 1952 por dois estudantes a fim de facilitar a identificação dos produtos nos mercados.
Mas qual a conexão com a religião ou o fim da humanidade? Simples, na época muitos teóricos da conspiração diziam que os códigos de barras podiam servir para tudo, menos para a identificação de produtos. Isso porque, de acordo com as informações, eles acreditavam que essa era uma forma de controle social criada por Satã, um passo rumo ao Apocalipse.
Se há mais de 70 anos atrás essas teorias da conspiração já eram uma febre, atualmente, na era da internet, isso não seria diferente. No caso do chip no cérebro, muito é especulado sobre a possibilidade da relação do implante com a marca da besta registrada na Bíblia Sagrada, no livro de Apocalipse 13:16-18, que diz: “ 16 Também obrigou todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, a receberem certa marca na mão direita ou na testa. 17 Para que ninguém pudesse comprar nem vender, a não ser quem tivesse a marca, que é o nome da besta ou o número do seu nome. 18 Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis.”
Para sabermos o posicionamento das religiões a respeito do assunto, a GAZETA procurou líderes religiosos do Alto Tietê para comentar sobre o tema, entre eles estão: a Mesquita Islâmica, o Candomblé, o Centro Espírita Allan Kardec e a 1ª Igreja Batista em Itaquaquecetuba. Muitas outras denominações foram procuradas, mas decidiram não se pronunciar.
1ª Igreja Batista do Jardim Paineira em Itaquaquecetuba
Para o pastor, professor e teólogo Fábio Dabar, da 1ª Igreja Batista do Jardim Paineira em Itaquaquecetuba, a Bíblia não é contra a tecnologia: “É importante dizer que a bíblia não é contrária ao progresso científico. Em relação ao texto de apocalipse citado, não tem nada neste versículo dizendo que o sinal da besta é um chip, essa é uma interpretação que não faz o menor sentido e não tem coerência com o contexto. Esse texto é alvo de muitas interpretações arbitrárias, por exemplo, essa invenção da Neuralink criada pelo Elon Musk que alguns associaram o chip como sinal da besta e não tem relação alguma”, explicou.
Candomblé
A Ialorixá Mãe Alessandra nasceu no axé e possui a casa Ilê Ty Awon N’la Oya Topé, em Arujá, há 12 anos. Segundo ela, o Candomblé é evolução e não acredita que o chip seja maligno: “Eu acredito que essa seja uma evolução para o ser humano. No começo vai ser assustador, muitos vão enxergar como a marca da besta, mas nós não. O Candomblé é evolução, então tudo que for benfeitoria nos agrega, e pelo trabalho que está sendo feito e a proporção que está tomando, o chip não vai ser acessível para qualquer pessoa, e possivelmente será bem caro no início”, comentou.
Centro Espírita Allan Kardec
O representante do Centro Espírita Allan Kardec localizado em Mogi das Cruzes, Adão, contou a visão de sua religião e o que acreditam: “Para nós, o caminhar da humanidade é progressivo, as palavras que estão na bíblia que trazem esses nomes assustadores, como o da besta, ou do diabo, para o espiritismo, isso foi muito modificado. Para nós, não existe diabo, satanás, inferno, o que existe são espíritos atrasados, sofridos. Os cristãos possuem um entendimento do inferno, de que a pessoa vai ficar eternamente habitando no sofrimento, mas Deus mandou perdoar o inimigo, ele não vai perdoar aqueles que erraram? Isso seria uma maldade e Deus é só bondade”, esclareceu.
Mesquita Islâmica
Já o Sheik Faysan, líder religioso da Mesquita Islâmica de Mogi das Cruzes, também falou sobre o assunto e o que o islamismo diz sobre o chip: “Se por acaso o chip vier para ser benéfico para as pessoas, como curar a visão, será bom, em contrapartida, as pessoas poderão implantar esse chip por luxo, só para ter. São dois fatores que devemos salientar, o nosso ponto de vista é baseado no Alcorão, que diz que Deus criou o ser humano da forma mais perfeita. Se for para ajudar as pessoas, nossa religião não repudia, tendo em conta que nós acreditamos que, para ser curado, Deus precisa permitir a cura”, explicou o Sheik.